Vamos buscar compreender por que algumas pessoas rejeitam a tecnologia? Talvez você seja, já tenha sido ou conhece alguma delas.
Vivemos em um mundo cada vez mais conectado, onde a presença da tecnologia é constante e crescente. No entanto, por que algumas pessoas rejeitam a tecnologia? Em pleno século XXI, esse fenômeno ainda é real e tem impactos sociais, emocionais e econômicos.
Neste artigo, vamos entender os motivos dessa rejeição, quem são as pessoas mais afetadas, o que a psicologia diz sobre isso e quais as possíveis soluções.
1. O que é a tecnofobia e quem sofre com isso?
1.1. Definição de tecnofobia
Tecnofobia é o medo ou rejeição persistente da tecnologia, especialmente de equipamentos eletrônicos, internet e inteligência artificial. Trata-se de um fenômeno psicológico que pode variar desde desconforto leve até uma fobia intensa, que interfere diretamente no dia a dia da pessoa.
1.2. Quem tem aversão à tecnologia?
A aversão à tecnologia pode afetar pessoas de diferentes perfis, mas é mais comum em:
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Idosos que não tiveram contato com tecnologia na juventude;
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Adultos com experiências traumáticas relacionadas à segurança digital;
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Pessoas com transtornos de ansiedade ou depressão;
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Indivíduos com dificuldades cognitivas ou com baixa alfabetização digital.
Essa resistência está associada à dificuldade de adaptação, ao medo de errar e à falta de confiança no uso das ferramentas digitais.
2. O que a psicologia diz sobre a relação com a tecnologia?
A psicologia moderna interpreta a rejeição à tecnologia sob diversas perspectivas. De um lado, reconhece os benefícios das inovações — como facilidade de comunicação, acesso ao conhecimento e estímulo cognitivo. De outro, identifica que o excesso ou o uso incorreto pode causar:
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Ansiedade digital;
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Isolamento social;
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Síndrome de burnout digital;
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Nomofobia (falaremos a seguir).
De acordo com a Saúde Digital Brasil, o uso descontrolado da tecnologia pode gerar impactos relevantes na saúde emocional, inclusive com sintomas físicos.
Segundo especialistas, é essencial compreender que nem toda resistência é negativa: algumas pessoas evitam a tecnologia como forma de preservar o bem-estar mental diante da hiperconectividade.
3. O que é nomofobia digital?
A nomofobia (abreviação de no-mobile-phone phobia) é o medo irracional de ficar sem acesso ao celular ou à internet. Embora pareça o oposto da tecnofobia, ambas são extremos de uma mesma questão: a relação emocional disfuncional com a tecnologia.
Pessoas tecnofóbicas sentem ansiedade ao usá-la. Pessoas com nomofobia sentem ansiedade por não usá-la. Em ambos os casos, há impacto direto na saúde mental.
➡️ Leia nosso artigo sobre Nomofobia
4. Como a tecnologia afeta o emocional?
4.1. Efeitos positivos
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Estímulo à criatividade;
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Acesso facilitado a psicoterapia online;
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Conexão com redes de apoio e grupos de afinidade;
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Facilidade de expressão através de mídias sociais.
4.2. Efeitos negativos
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Sobrecarga de informações (infoxicação);
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Dependência emocional de redes sociais;
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Sensação de inadequação diante de vidas perfeitas nas mídias;
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Ansiedade pela necessidade de estar sempre conectado.
Esses efeitos podem ser mais intensos em quem já apresenta alguma fragilidade emocional, aumentando a resistência à tecnologia como mecanismo de autoproteção.
5. Como seria a vida das pessoas sem tecnologia?
Viver sem tecnologia hoje seria um desafio profundo. Veja como seria o cotidiano sem recursos tecnológicos:
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Comunicação: ao invés de WhatsApp, e-mails e videochamadas, teríamos cartas e telefonemas fixos;
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Trabalho: deixaria de ser remoto ou automatizado, exigindo processos manuais e presença física constante;
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Estudo: sem plataformas online ou tutoriais, o aprendizado dependeria apenas de livros físicos e aulas presenciais;
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Lazer: ao invés de streaming e jogos online, as pessoas utilizariam TV aberta ou jogos de tabuleiro;
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Saúde: sem telemedicina e apps de bem-estar, tudo dependeria de atendimentos presenciais e registros físicos.
A ausência da tecnologia limitaria o acesso à informação, à produtividade e à qualidade de vida, além de isolar ainda mais quem já sofre com exclusão digital.
6. O que causa a falta de tecnologia?
Existem dois grandes grupos de causas:
6.1. Causas externas
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Falta de acesso à internet em regiões remotas;
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Custo elevado de dispositivos e serviços;
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Infraestrutura deficiente;
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Políticas públicas ineficazes de inclusão digital.
Segundo dados do Cetic.br, milhões de brasileiros ainda vivem desconectados, principalmente em áreas rurais e entre pessoas com baixa escolaridade.
6.2. Causas internas
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Falta de interesse ou motivação;
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Traumas com uso anterior;
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Preconceitos culturais ou religiosos;
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Baixa autoestima digital (a crença de que “não é capaz”).
7. Impactos da rejeição à tecnologia na sociedade
A resistência à tecnologia pode trazer diversos efeitos:
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Desigualdade digital: acesso limitado à informação e oportunidades;
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Isolamento social: dificuldade em manter contato com amigos e familiares;
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Barreiras no mercado de trabalho: perda de vagas que exigem habilidades digitais;
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Limitação de acesso a serviços públicos e privados: como bancos, saúde e educação.
A Organização das Nações Unidas alerta que a exclusão digital compromete o desenvolvimento econômico sustentável e agrava as desigualdades sociais.
8. Como promover a inclusão digital de quem rejeita a tecnologia?
8.1. Educação acessível
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Oficinas presenciais e online;
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Cursos de alfabetização digital gratuitos;
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Apoio intergeracional (jovens ensinando idosos).
8.2. Abordagem empática
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Ouvir sem julgar;
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Ensinar com paciência;
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Respeitar o tempo de cada pessoa.
8.3. Soluções práticas
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Dispositivos com interface simplificada;
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Assistentes de voz (como Alexa e Google Assistente);
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Aplicativos com navegação facilitada para idosos e iniciantes.
9. Caminhos para o equilíbrio: nem tecnofobia, nem dependência
O objetivo não é forçar todos a usarem tecnologia intensivamente, mas promover uma relação mais saudável e consciente com o mundo digital.
Adotar a tecnologia com equilíbrio é a melhor forma de aproveitá-la sem se deixar dominar por ela — e sem rejeitá-la por medo ou insegurança.
10. Como ajudar alguém que rejeita a tecnologia a usá-la de forma equilibrada
Ajudar uma pessoa que rejeita a tecnologia não significa forçá-la a se adaptar ao digital, mas sim mostrar que o uso consciente pode melhorar a qualidade de vida sem comprometer seus valores, rotina ou bem-estar emocional.
10.1. Mostre benefícios reais e próximos da realidade dela
Evite explicações técnicas. Prefira mostrar como a tecnologia resolve um problema prático, como facilitar uma consulta médica, fazer videochamadas com familiares distantes ou pagar contas sem enfrentar filas.
10.2. Reforce a ideia de autonomia, não dependência
Mostre que a tecnologia pode empoderar, não dominar — e que é possível usar somente o que faz sentido para a rotina da pessoa.
10.3. Valorize o processo de aprendizado gradual
Explique que todo mundo aprende aos poucos, que errar é normal e que existem recursos pensados para iniciantes e idosos, com interface intuitiva e comandos simplificados.
10.4. Reforce o vínculo emocional
Ofereça apoio, paciência e empatia. Diga que está ali para ajudar, e que ela pode avançar no seu próprio ritmo.
10.5. Mostre que equilíbrio é possível
Explique que é possível usar a tecnologia de forma pontual, sem exageros. Ela é uma ferramenta, não um estilo de vida obrigatório.
Conclusão
Por que algumas pessoas rejeitam a tecnologia? Porque, muitas vezes, ela chega sem preparo, sem empatia e sem considerar as diferenças individuais. A tecnofobia, a nomofobia digital, os desafios emocionais e as barreiras de acesso são peças de um quebra-cabeça complexo.
Mas a solução está ao nosso alcance: educar, acolher e adaptar. Só assim poderemos construir uma sociedade verdadeiramente conectada — não apenas por fios e sinais, mas por entendimento e inclusão.